Dormir de conchinha em muitas culturas é uma representação de carinho. É aquele momento em que você se enrosca em seu parceiro e encaixa os braços até ficar completamente em sintonia e repouso. É o ápice do aconchego, certo?
Mas saiba que nem sempre foi assim. Até a revolução industrial, o casal dormia sempre em quartos separados (lembra daqueles filmes sobre as cortes e realezas europeias?). De acordo com o pesquisador Neil Stanley, da Universidade de Surey, na Inglaterra, o que hoje é chamado de romantismo já foi uma maneira de driblar a falta de espaço e aproveitar melhor os cômodos cada vez menores das cidades inglesas de dois séculos atrás.
Romântico ou não, dividir a cama com alguém exige alguns cuidados básicos para que não afete a qualidade do sono – o que já sabemos ser responsável pela diminuição dos riscos de diabetes, depressão, doenças cardiovasculares e envelhecimento precoce. Reunimos abaixo algumas vantagens e desvantagens de se dormir de conchinha. Confira:
As desvantagens de se dormir de conchinha
Para ortopedistas e especialistas em sono, dormir de conchinha traz alguns perigos para a coluna e os nervos dos braços. Isso porque a pessoa que fica atrás tende a ficar com um dos braços debaixo do pescoço da outra pessoa, que geralmente o pressiona. Depois de um longo período, essa pressão afeta o nervo radial, o que resulta em dormência e alguma dor. O formigamento, por exemplo, é um sinal de que a circulação sanguínea foi cortada ou, no mínimo, prejudicada. A exposição prolongada a essa posição pode até lesionar o músculo do braço.
Já a solução de levantar o braço acima da cabeça do parceiro também não é recomendada. Nessa posição o ombro e o pescoço recebem uma carga de tensão maior do que o aconselhável e também podem causar dores.
Especialistas afirmam que algumas dores decorrentes desta posição podem ser diminuídas com o uso de rolos, travesseiros ou almofadas. Colocar uma almofada entre as pernas pode ajudar a diminuir a pressão em algumas juntas, por exemplo.
Outra preocupação é com quem fica na parte da frente da conchinha. Uma vez que normalmente essa pessoa se apoia no braço do companheiro, o pescoço não fica reto como deveria e pode ramificar em alguns problemas de coluna ou dores. A recomendação, nesses casos, é buscar dormir com a cabeça apoiada no travesseiro e não no braço do parceiro.
As vantagens de se dormir de conchinha
Como tudo na vida tem dois lados, esse também é o caso de dormir de conchinha. Apesar das possíveis dores nas costas, no pescoço e nos braços, estudos já provaram que essa posição tem consequências bastante benéficas para o nosso organismo. Especialmente em relação aos hormônios.
Segundos dados da Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, dormir de conchinha está associado ao aumento do nível de ocitocina no organismo. Esse hormônio normalmente é liberado durante o sexo e é responsável por uma grande sensação de relaxamento. Além de combater inflamações e melhorar a atividade do sistema digestivo.
Outro dado interessante é que dormir de conchinha diminui a produção de cortisol, o chamado hormônio do estresse. A explicação dos pesquisadores é de que ao dormir nesta posição você se sente mais protegido e cuidado. E, por isso, seu corpo acredita ser desnecessária a produção de um hormônio para lhe deixar atento.
Terapeutas, no entanto, apontam mais um benefício dessa posição. Segundo eles, dormir de conchinha com o parceiro – mesmo que apenas no início da noite – faz maravilhas para a criação de intimidade do casal, além de incentivar a evolução para carícias mais intensas.